CHARCAS
São pequenos/médios corpos de água lênticos, naturais ou artificiais. Podem surgir naturalmente em planícies aluviais como parte de um sistema pluvial, ou então, pode ser isolados encaixados em depressões na paisagem. Têm baixa profundidade, penetração total da luz na água, possibilidade de ocorrência de plantas em toda a sua extensão, ausência de formação de ondas e possuem margens com declives/inclinações suaves. Aquando da sua instalação devem-se privilegiar locais com bastante luz solar e evitar zonas com muita sombra. Deverá ter uma orientação perpendicular aos ventos dominantes (com o intuito de reduzir o efeito da ondulação), e devem ser privilegiadas zonas pouco permeáveis (com um lençol freático próximo da superfície) ou, como já referimos, depressões naturais que recebam água da chuva e sem arrastamento de potenciais poluentes.
Os charcos reduzem o efeito de cheias, recolhem e armazenam largas quantidade de dióxido de carbono (CO2) da atmosfera, aumentam a humidade no solo (em períodos secos), purificam a água e contribuem para a recarga de aquíferos subterrâneos. Os charcos são estruturas muito importantes das quais dependem muitas plantas e animais, como insetos ou anfíbios que por sua vez se alimentam de outros insetos e ajudam a controlar pragas agrícolas. É de realçar que esta estrutura também pode servir de área de alimentação, repouso e água para aves e mamíferos – como os morcegos devido (potencialmente) à elevada concentração de insetos à superfície da água.
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Forma da charca – um banco de forma irregular pode resultar em microtopografia, pequenas poças, e áreas de lama húmida, que são zonas benéficas para algumas espécies. As charcas com formas irregulares tendem a ter mais valor estético, uma vez que parecem mais naturais.
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Tamanho da charca – as charcas maiores aumentam o tempo de retenção, o que facilita a remoção de poluentes e melhora a qualidade da água. As charcas maiores tendem a ter maiores benefícios para a biodiversidade.
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Substrato da charca – um substrato natural fornece uma melhor base para a biodiversidade. As charcas não naturais, podem conter alguns invertebrados e aves, mas são mais limitados do que mais charcas naturais. As charcas naturais tendem a ter mais valor estético.
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Cobertura vegetal aquática – em geral, quanto maior for a cobertura vegetal aquática, melhor. A exceção é para os peixes, que muitas vezes requerem pelo menos alguma água aberta.
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Os sedimentos são removidos por dragagem – os sedimentos acumulados nas charcas podem atuar como fonte poluente, a menos que sejam removidos intermitentemente. Contudo, é importante realçar que a dragagem também tem impactos negativos na biodiversidade.
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Tempo médio de retenção – a remoção de nutrientes (e outros poluentes) é maior nos sistemas com longos tempos de retenção, permitindo tempo para a ocorrência de processos biológicos, químicos e físicos
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Faixa tampão adjacente – as faixas-tampão beneficiam a biodiversidade de várias maneiras, através da garantia de água limpa e do fornecimento de habitat a muitas espécies.
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Forma do banco/margem – várias espécies beneficiam de bancos suavemente inclinados, incluindo aves pernaltas (que requerem uma costa lamacenta), alguns invertebrados (por exemplo para a reprodução), plantas emergentes e alguns mamíferos
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Proximidade a outros habitats aquáticos – grande parte da biodiversidade das charcas também utiliza outros habitats aquáticos (rios, valas, lagos), pelo que a proximidade de tais habitats facilita a colonização e o movimento através da paisagem.
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Variedade das charcas vizinhas – o benefício máximo deriva geralmente de uma rede de charcas que representam diferentes fases sucessórias (profundidades, tamanhos). Uma série de charcas variáveis pode ter mais valor estético do que um grupo de lagos muito semelhantes.
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Número de charcas presentes – a biodiversidade pode beneficiar da criação de uma rede de charcas. Em alguns casos, várias charcas podem conter uma maior biodiversidade do que uma única charca de tamanho equivalente. Uma série de charcas juntas pode ter mais valor estético do que uma ou duas charcas isoladas.
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A charca faz parte de uma série – quando uma série de charcas é utilizada, a qualidade da água pode ser melhorada em maior grau numa única massa de água. Consequentemente, as charcas mais baixas podem suportar uma biodiversidade mais saudável do que as que se encontram no início da cadeia. Uma série de charcas pode ter mais valor estético do que uma única charca isolada.
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Fonte de água da charca – a água limpa é essencial para a biodiversidade das charcas de alta qualidade. Em geral charcas cuja fonte é um fluxo podem ser afetados por poluentes e/ou espécies invasoras. As águas subterrâneas são muitas vezes relativamente limpas, enquanto que o fluxo superficial pode ser limpo ou poluído dependendo da utilização do solo na bacia hidrográfica.
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Profundidade do corpo de água – uma variedade de profundidades de água é geralmente aconselhável para a biodiversidade, devido à capacidade de apoiar uma comunidade variada de vegetação emergente, submersa e flutuante. Os peixes requerem frequentemente pelo menos algumas águas mais profundas. Para além dos alimentos, as abelhas melíferas e outros polinizadores recolhem água para utilizar no arrefecimento do interior do ninho em dias quentes. As abelhas melíferas também utilizam a água para diluir o mel quando alimentam as larvas. A presença de um ponto de abastecimento de água na exploração perto seu habitat será bastante benéfico, visto que as abelhas passarão menos tempo a recolher água e mais tempo a recolher o néctar. No entanto, quando a água é profunda, estas têm o hábito de se afogarem, pelo que a presença de locais de água rasa é benéfica. Como tal, o desejado é existir uma diferenciação de alturas ao longo da vala.